CooperCasa

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A nossa nova casa mental

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Os quatro instrumentos da alma - aRaiva
















Dando seguimento ao estudo das emoções humanas.

Em uma série de programas da Radio Boa Nova versando sobre a Raiva, o programa NovaMente, (2.a feira às 11:00h, ao vivo), falava sobre essa emoção comum aos homens e aos animais. Foi uma leitura comentada do Livro Vermelho dos Neuróticos Anônimos, exatamente nos programas de 11/02/2008 à 15/12/2008, todos compilados num CD em formato MP3 que a RBN disponibiliza em seu site.(1)
Eu sempre busco levar essa informação consoladora: emoção não é sentimento!! Os instintos e as sensações (centros de força genésico e esplênico respectivamente) sob efeito das influências do raciocínio concreto e abstrato (centros de força laríngeo e frontal) sofrem processo lento e gradual de transformação para emoções (centro gástrico). Quando estas emoções são compreendidas (e não só racionalizadas) tornam-se sentimentos, o grande momento de virada na existência da criatura de Deus. Não mais viver apenas para responder à tirania das necessidades orgânicas como pulsão sexual, fome, frio, dor, etc. A razão, tão necessária para o entendimento do mundo, das coisas e das pessoas, deixa de servir ao atavismo através de explicações e busca o admirável nível de consciência do que é justo e bom. Antes só comíamos quando sentíamos fome, depois prevendo a fome passamos a guardar o alimento. No reino dos sentimentos, a alimentação é reconhecida como necessidade para viver mas não como o mais importante para a Vida. Desenvolvemos atitudes agora voltadas para o alto, e a filosofia nos faz buscar o "para que" da vida e não mais e apenas os "porquês" da biologia e da psicologia acadêmicas.
Assim que a raiva permanece residual e essencial em nossas entranhas, por isso dizemos estar “enfezados”, cheios de raiva, uma raiva intestinal... mas essa raiva não alcança nem anula qualquer sentimento. A catarse que tanto se fala nas linhas de psicoterapia nada mais é que sinônimo de eliminação, evacuação dessas emoções. Ela nos avisa de que estamos sob ameaça, acelera nosso coração, contrai nossas artérias, aumenta o açúcar no sangue, tudo para nos preparar para a luta ou para a fuga. Nosso lado animal nos protege porém já pensando e percebendo como hominais, podemos sentir raiva por ameaças que estejam somente em nossa imaginação. Tal qual aquele homem que logo pela manhã planejou pedir o martelo emprestado ao vizinho mas ficou a imaginar que o mesmo iria recusar-se. Assim matutou a ponto que no final da tarde, enfezado com seus próprios pensamentos, bateu à porta do dono do martelo e logo de supetão mandou-o introduzí-lo no dito cujo, lugar conhecido porém de baixo calão.

Assim acontece conosco, ou melhor comigo e também com todos: reação meramente orgânica com correlato psicológico apenas para fins de autoproteção. Certa feita recebi um paciente cujo comportamento revelava profundo egoísmo, tal qual podemos ler no Livro Vermelho. Inconformado com o que ele chamava de “azares e reveses” da vida, praguejava constantemente e proferia impropérios, por vezes em voz tão alta, que só não me constrangia mais pois eu já o atendia após as vinte horas, quando não havia ninguém mais no consultório. Passaram-se alguns meses e aquela situação se repetia semanalmente até que perdi a paciência e num tom um tanto quanto enérgico e receoso de receber revides de agressão física, solicitei que se controlasse ou então reencaminharia ele de volta a quem tivesse ele me encaminhado. Admirado, olhou-me extasiado nos olhos agora a lacrimejar e me perguntou se eu sabia quem tinha mandado ele me procurar. Realmente eu não sabia e ele então me surpreendeu: disse-me que passou vários meses frequentando as reuniões no Centro Espírita Luiz Gonzaga e tanto solicitou de Chico Chavier que o mesmo teve uma explosão de raiva, expulsando-o da reunião. E que antes de sair do Centro, Chico disse que só uma pessoa poderia dar jeito nele e deu o telefone de um tal Dr. João. Daquele dia em diante aprendi a lidar com a raiva: não mais a engolia e nem a cuspia apenas falava com aquele paciente o momento em que ele estava sendo inconveniente e isso o fez alcançar considerável melhora de comportamento a ponto que realizou seu sonho antigo: adotar um filho.

Uma boa raiva a todos, e podem ficar à Vontade.




(1) http://www.mundomaior.com.br/525128/CD---Raiva-(a)

domingo, 20 de março de 2011

Os quatro instrumentos da Alma


Ola, Amigos da Rádio Boa Nova.

O programa Nova Mente originariamente aborda temas da Psiquiatria e as doenças mentais sob a ótica do Espiritismo bem como os tratamentos que se praticam através dos tempos. O programa, que se realiza ao vivo semanalmente, vem trazendo, na maioria de seus episódios, a leitura de obras literárias com comentários à Luz da Doutrina Espírita. A maioria dessas obras não são de origem espírita e foram escolhidas na intenção de demonstrar que a espiritualidade está inserida em tudo e em todos. A contribuição do Espiritismo está em remover definitivamente o véu dos mistérios entre a vida física e a vida espiritual. Além disso, o programa visa o esclarecimento não só sobre as doenças, mas como previní-las e quiçá evitá-las através da promoção da saúde mental.
Nesta postagem, apresento os livros utilizados pelo programa até hoje, citando o principal assunto abordado, dentro desse grande tema: os quatro instrumentos da alma.
Esse título foi inspirado no livro de Myra e Lopes, Os quatro Gigantes da Alma, onde o autor explora quatro emoções básicas do ser humano: o Medo, a Ira, o Dever e o Amor. Minha intenção não era parodiar e sim incrementar essa visão com os conhecimentos da realidade reencarnatória e principalmente para melhor aproveitarmos nossa experiência na vida física atual. Desfazendo a idéia de se pagar um passado pecaminoso, busquei encorajar os ouvintes a uma atitude otimista de auto descobrimento seguido de auto compreensão. Buscando divulgar a existência de instrumentos para este intento trouxe as leituras comentadas como instruções para esse processo de crescimento. Provavelmente a veemência com que alguns ouvintes e conhecidos me apontam as colocações, surgiu através de minha própria experiência, que para ser "bonzinho" acabava reprimindo sentimentos e junto com eles talentos e potencialidades que me ajudariam na própria vida pessoal. Assim nasceu a idéia do título, Os quatro instrumentos da Alma, aludindo para a realidade de nossos sentimentos, pensamentos e atitudes serem assumidos como instrumentos e não como subprodutos de seres inferiores e assim deixados de lado. Nasceu esta proposta de uma colocação dos alcoólicos anônimos que a resume de maneira psicopedagógica: estudemos a nossa dor para que ela não se nos torne uma revolta.
Segue assim, nesta postagem e nas próximas, os livros já lidos e comentados durante os programas. Cito também o período em que estes programas foram ao ar, lembrando que há um projeto de torná-los uma coleção de cinco CDs em MP3, cada qual com todos os programas gravados. No momento temos apenas um tema, um dos instrumentos da Alma já compilado em CD cujo título é "aRAIVA", já disponível no site da RBN.
Abaixo deixo registrado os temas bem como o livro a que ele se refere bem como as emoções e sentimentos que podem nos servir como instrumentos de estudo e transformação. Os demais títulos estarei postando na sequência, e como os CDs ainda não estão prontos talvez seja possível ter acesso ao conteúdo destes por meio de "downloads" dos programas realizados nos períodos citados.

aRAIVA - oEgoísmo - Livro Vermelho de N/A.

aCULPA - oOrgulho - Reforma ìntima sem martírio.

oMEDO - oDesespero – Como evitar preocupações e começar a viver.

oCONTROLE – aFrustração – Peça e será atendido

aRESPOSTA - aResponsabilidade - Jesus, o maior psicólogo que já existiu.

Há ainda uma pergunta a responder: não são quatro os instrumentos da alma? Então de onde vem este quinto tema?
O quinto tema, tal como o quinto elemento, foi um dos primeiros livros que comentei no programa, resgatando a filosofia Cristã, cuja essência é o Amor. Por que submeter-nos-ia a essa a rica vivência das emoções através das encarnações sucessivas, sem a fé numa causa maior que nos alimenta a esperança de alcançarmos melhores sentimentos?
"Os ensinamentos do Cristo podem nos ajudar a resolver nossos problemas do cotidiano e aumentar nossa saúde mental" Mark W. Baker (autor do livro) responde a questão.

Um abraço fraterno a todos e

podem ficar a vontade.

terça-feira, 8 de março de 2011

Revendo (re-ouvindo) nossos programas!!


Olá, Amigos da Boa Nova.

Estreei o blog já faz algum tempo e desde então não publiquei mais nada. Tenho tantas ideias que os meus próprios ideais por vezes me fazem questionar: qual o limite entre levar a palavra esclarecedora e a promoção pessoal? Eu sempre fui questionado pelos colegas médicos se eu não estaria usando a religião para me promover. Eu confesso que sempre gostei de "aparecer", usar meu "status de médico" como pretexto para levar a palavra. Aprendi isso com meu professor de cirurgia, Dr. Thomaz Szegö (1), quando ele foi para os meios de comunicação a fim de divulgar uma campanha antitabagismo. Dr. Thomaz, movido de uma sincera vontade de servir, mobilizado pela morte de seu querido avô, vítima do tabagismo, foi duramente interpelado pelo jornalista: ...quem é você e por que alguém lhe ouviria? É necessário um motivo, um "gancho" para que o doutor possa aproveitar a "deixa" e falar sobre o tabagismo. Foi então que, a convite dele, comecei a participar de sua campanha intitulada "Corra para parar" ou "Pare de fumar correndo" uma corrida de resistência que era uma pré-classificação para a São Silvestre. Ampla divulgação era feita, obtinha patrocínios e eu e meus colegas, alunos do professor, saiamos distribuindo panfletos e adesivos da corrida. No dia do evento, Dr. Thomaz tomava seu posto e desde o primeiro momento aproveitava as câmaras e microfones para informar sobre os males do tabagismo. E frisava sempre que era uma campanha antitabagismo e não antitabagista movimento francamente humanista focando na informação como forma de prevenção primária desta doença.
Eu estou comentando uma situação ocorrida já nos idos anos de 1986 e ainda demoraria alguns anos para eu assumir minha facilidade de comunicação como instrumento de prevenção e de tratamento e recuperação.
Mas confesso, mais uma vez, que foi somente neste final de ano passado que percebi a importância do que faço: foi durante a edição de natal do programa NovaMente, em que levei meus filhos Thomaz (9a) e Daniela (10a)para participarem. Eu li com eles, um dia antes, um trecho do livro "Rindo e refletindo com Chico Xavier - II" de Richard Simonetti, cujo título é "Justiça e Bondade". Meus filhos fizeram um debate no qual não precisei intervir a não ser para encerrar o programa. Eu deixei o estúdio transformado: quantas vezes eu teria sido bondoso para alguns e deixei de ser justo para outros tantos? E quantas vezes, pensando estar sendo justo, fingi ter uma humildade, aquela aprendida através de ranços repressores da educação e da religião,
e deixei de ser bom, ou seja, causei um mal por omissão "conveniente". Quantas vezes disse sim, só para ficar "bonito na fita" e acabei ensinando e causando a iniquidade. Quantas vezes fui iníquo comigo mesmo e com meus familiares, amigos e colegas na guisa de ser "Dr. João, o bonzinho" ou "Tenente Navajas, o bonzinho".
Agora, em 2011, ano em que completo 50 anos de idade, algo despertou dentro de mim, causando uma transformação íntima, uma morte e um renascimento pelo qual nunca estive tão determinado a servir ao Bom, ao Belo e ao Verdadeiro, mesmo que possa parecer "injusto" e nada bondoso. Essa percepção foi tão intensa que uma pessoa disse ter sonhado que eu havia morrido: estavam todos na recepção do meu consultório e lamentavam que não chegaram a tempo de serem atendidos!!! E eu pergunto: atendidos em seus pedidos e não em suas reais e verdadeiras necessidades, das quais eu só facilitava suas vidas, retirando os obstáculos que os transformaria!?
Assim, a partir deste texto inauguro esse meu real tamanho, do qual não me orgulho, mas também não me envergonho: farei uso dos meus talentos, agradecido a Deus de poder servir com o que sou e o que tenho. Pois é partir do nosso real tamanho que poderemos crescer e não de bondade e justiça ilusionadas por um ego altivo, culpado e medroso.
Peço que compreendam, mas não me perdoem, os que bondosamente eu facilitei a vida e assim os convenci da estagnação pela conformação com a doença: eu também estava doente. Peço lhes, assim, que me permitam reparar essa injustiça através de atitudes enérgicas, porém realmente consoladoras na luta pela transformação.
E juntos estaremos participando do único e verdadeiro espírito Cristão: a ajuda mútua.

Podem ficar a vontade.

(1) Dr. Thomaz Szegö - http://www.ccogastro.com.br/curriculumthomas.asp