CooperCasa

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A nossa nova casa mental

quinta-feira, 23 de maio de 2013

PSIQUIATRIA "AMERICANALHADA"

A “american way of life” não é referência de uma vida mental sadia.  Tempo é dinheiro, almoço de negócios, horas extras de trabalho, “happy hour”, produtividade é competitividade, relações humanas de poder e controle: são metas de vida guiadas pelo consumo sem sentido. Idealismos heróicos pautados na política de proteger os “fracos e oprimidos” denunciam escancaradamente a necessidade primitiva dos “inteligentes” de garantir o acesso aos bens e matérias primas desses povos “ignorantes”.  Depressão, obesidade, perversão sexual, violência infanto juvenil, abuso e dependência de álcool e outras drogas, intolerância social, étnica e religiosa – esta é a resultante do “sonho americano”.  Deste mundo onírico e paranóico resultou também o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, sigla em inglês), uma excrecência desta mentalidade que nem de longe representa a comunidade científica desta área tão delicada da medicina: a psiquiatria.  Uma tentativa ingênua de tornar absolutamente objetiva uma ciência totalmente coberta e recheada de subjetividades.  Essa tal da “bíblia dos psiquiatras” foi encomendada pelas empresas norte-americanas de seguridade social diante da dificuldade de se determinar com “certeza” se aquele cidadão tem mesmo esta ou aquela doença mental.  Uma necessidade de determinar administrativamente a realidade ou não de um “sinistro” que acarretará um ônus prejudicial aos lucros. Ou seja, será que aquele “elemento consumidor” é mesmo doente mental? Não tem exame laboratorial que demonstre como prova irrefutável a doença: apenas laudos e relatórios médicos. E a realidade destes laudos depende de um único e real critério diagnóstico em psiquiatria que é observar a evolução. Nenhum sintoma é estatisticamente considerado patognomônico de nenhuma doença mental e a “urgência” em diagnosticar é de cunho meramente administrativo e não de tratamento e prognóstico.  O ato médico naturalmente tem um poder político de determinar os destinos de uma vida. E a subjetividade do adoecimento mental levantou a hipótese, administrativamente paranóica, de que se poderia aproveitar desse “poder político médico” para angariar benefícios fraudulentos. Afinal, já usaram a psiquiatria para desacreditar, perseguir e “internar” aqueles que ameaçam os esquemas de exploração política/econômica em todas as épocas, antes e depois de Cristo. O risco de abuso é real sendo possível e mesmo provável que alguns colegas menos afeitos aos códigos de ética de classe e que se aproximaram vertiginosamente do abuso de seu poder médico tenham enriquecido ilicitamente desta maneira. No entanto, não é porque existe uísque falsificado e mesmo leite batizado com água que os reais, verdadeiros e legítimos não existam.  Novamente o medo norte-americano de passar fome aliado as suas necessidades intelectuais de dominação por subjugação, obrigaram a Academia Americana de Psiquiatria (APA, sigla em inglês) a criar um “manual” de diagnósticos.  Essa tentativa de controlar o incontrolável é fruto típico daquela cultura do “faça você mesmo e do seu jeito”, pois “você vive num país livre” e suas escolhas pessoais “is not our business”.  Tal reducionismo também foi aproveitado pelas indústrias farmacêuticas que então passaram a “patrocinar pesquisadores”, hábeis manipuladores deste código internacional de doenças, “criando” entidades nosológicas. Essas novas doenças são sempre anexadas às novas drogas inspiradas no lucrativo “Prozac” da recente década do cérebro (1990 a 2000). De lá para cá vimos drogas realmente novas e mais eficazes com bem menos efeitos colaterais, porém as doenças sempre foram as mesmas. Mas para que criar drogas se apenas 2 a 4% da população iriam usá-las? Que tal ampliar o espectro de sintomas das doenças, ou seja, quanto mais sintomas forem incluídos como desta ou daquela doença, mais pessoas estariam sendo diagnosticadas e mais remédios seriam prescritos. E se ensinássemos uma psiquiatria totalmente com base no DSM? A indústria poderia agora contar com “prescrevedores autômatos”, que aceitariam as facilidades de um atendimento rápido, com base em algorítimos e no mínimo trabalho de preencher tabelas e questionários. As técnicas de “avaliação médica-psiquiátrica” se tornaram ridiculamente simplistas, imediatistas e descaradamente imiscuídas de “pseudociências”. Uma ciência criada por catedráticos que estariam desempregados e pobres se não aceitassem essa corruptela de emprestarem seus nomes a trabalhos científicos “encomendados” pelos patrocinadores, todos da indústria farmacêutica. Atualmente, as grandes referências universitárias do mundo estão “rendidas e vendidas” a este esquema onde os neo-psiquiatras ignoram totalmente o que e como fazem: apenas repetem e não refletem mais sobre a complexa interdisciplinaridade da vida mental humana. As neurociências agora ditam o que é “normal” dentro das necessidades de uma vida "americanalhada".  A visão sistêmica do ser humano, como um ser biológico-psicológico-social-espiritual é propriedade de alguns remanescentes estudiosos que já são distantes prosélitos dos grandes e verdadeiros pesquisadores  (vide matérias Dr. Guido A. Palomba - A decadência da psiquiatria no link abaixo) www.academiamedicinasaopaulo.org.br/?pg=conteudo&setor=6&chave=24&id=260&idioma=1

Peço desculpas á você, ser humano portador de algum transtorno mental: eu e alguns últimos colegas, cujos valores humanos são pautados na honestidade, na mente aberta e na boa vontade, estamos entrando em extinção. Peço desculpas também a alguns ex-alunos que eu acabei abandonando, pois me senti totalmente impotente diante da sedutora abordagem de colegas impostores que não deveriam ser psiquiatras e talvez nem mesmo médicos. Iludidos que estavam, iludiram alguns de nossos alunos que hoje estão por aí alimentando seus filhos com dinheiro de conveniências que apostam no medo e na ignorância dos usuários. Eu estou diante de uma realidade que não posso negar a sua ocorrência, porém registro aqui a minha total discordância: aceito por impotência diante dos fatos, mas não concordo por consciência da verdadeira realidade.  E enquanto eu tiver essa consciência ativa, continuarei assistindo àqueles que me procuram como facultativo e me prestarei a resgatar desta vala comum qualquer colega “americanalhado” que manifeste um real e sincero desejo de
 mudar.







sábado, 25 de agosto de 2012

Um Psiquiatra, o Botulismo e óperas de Schumann.

A história de uma toxina estética e mortal.


Justinus Andreas Christian Kerner (18/09/1786 – 21/02/1862), natural de Württemberg, Alemanha, médico psiquiatra e cientista, estudou a doença chamada botulismo de 1817 a 1822. Kerner foi o primeiro a fazer uma descrição detalhada do botulismo, sendo ainda o precursor das aplicações terapêuticas da toxina botulínica, experimentando em diversos animais, e em si próprio, os seus efeitos. Em 1822, Kerner publicou 155 relatos de caso de pacientes com botulismo e escreveu uma monografia completa sobre a toxina oriunda de linguiças, com base em experimentos com animais conduzidos por ele próprio, a partir dos quais fez as seguintes observações: a) a toxina se desenvolve em linguiças azedas em condições anaeróbias; b) tem a capacidade de interromper a transmissão motora no sistema nervoso periférico e autonômico; c) é letal em pequenas doses. Várias teorias foram propostas até que, em 1895, Emile Van Ermengem (1851-1922), um microbiologista treinado em Berlim por Robert Koch (1843-1910 – o que isolou o bacilo da tuberculose), correlacionou a epidemia de botulismo ocorrida em um funeral no vilarejo belga de Ellezelles com o isolamento de uma bactéria encontrada em alimentos servidos no evento, no qual 34 pessoas foram contaminadas, incluindo todos os músicos da orquestra contratada, sendo que três pacientes foram a óbito. Van Ermengem isolou esporos de um bacilo anaeróbio, o qual chamou de Bacillus botulinus e provou se tratar de uma toxina ao utilizar um filtrado do cultivo livre de bacilos e esporos em animais de laboratório, os quais manifestaram sinais de paralisia.  Posteriormente, o Bacillus botulinus foi renomeado, passando a ser chamado de Clostridium botulinum.  Na mão dos militares americanos, a toxina tornou-se a mais promissora arma biológica da Guerra Fria, mas sem muito sucesso, pois apesar de podermos fabricá-lo, purificá-lo, transportá-lo e utilizá-lo quando e onde quisermos, felizmente a natureza o fez de maneira extremamente frágil e instável.

Mas a Lei do Amor prevalece sempre: voltando ao Dr. Kerner, ele foi também poeta do movimento romântico alemão e suas poesias foram transformadas em música por Schumann: http://www.musiconline.xpg.com.br/videos/justinus-kerner/video/h-H8WbVgvSI
Foi ele também o criador da Klecksographie a qual conforme Ellenberger (1954/1967) milhares de crianças suíças teriam lido essa obra de Kerner e brincado com manchas de tinta, dentre elas o próprio criador do teste de Rorschach. Uma compilação das assim chamadas klecksografias é, ainda hoje, conservada em manuscrito no Museu Nacional Schiller, em Marback. 
Justinus Kerner é descrito como tendo sido “médico e pesquisador do lado obscuro da natureza” e um verdadeiro “feiticeiro da personalidade”. Ligado à corrente então muito propagada em seu meio, qual seja, a da “força curadora do ‘magnetismo animal’”, Kerner chegou a publicar uma obra clássica de ocultismo e parapsicologia intitulada Die Seherin von Prevorst (A Vidente de Prevorst), relacionando aparições que se situariam para além “da experiência perceptível pela inteligência e pelos sentidos”. 
Dr. Justinus Kerner                   Klecksographie                    Robert Schumann
Esse lado poético e talvez espiritual de Kerner tornou-o preocupado com a estética fazendo-o vislumbrar que uma toxina que causava doença tão grave, poderia ser usada para tratar doenças musculares. Em surtos de Botulismo B, ocorridos na Suíça, observou-se que a toxina, além da ação bloqueadora na musculatura estriada, bloqueava estímulos no sistema nervoso autônomo, causando supressão da produção de suor por até dois anos em alguns pacientes. Hoje ela é utilizada com sucesso para casos de hiperidrose axilar e palmo plantar, diminuindo de maneira eficaz a transpiração excessiva nesses locais do corpo humano. Mais tarde, o Dr. Justinus, talvez reencarnado, pode ver suas descobertas utilizadas para tratar a aparência das pessoas: o BOTOX ®.

Em 1978 a toxina foi aplicada em humanos, p. ex., para tratamento de estrabismo (Jean Carrhuthers & Scott) e uma paciente observou que suas rugas melhoravam muito quando a toxina era aplicada. Eles passaram a utilizá-la então para fins cosméticos, dando início ao tratamento das rugas e do envelhecimento que conhecemos atualmente. A dose usada para fins estéticos é de 25 a 50 unidades e a que faz mal ao ser humano é de 3000 unidades. A pequena quantidade usada com fins estéticos obtém os efeitos sem perigos para a saúde. O que acontece é que o músculo ou o gânglio bloqueado e em repouso forçado pela toxina fica um pouco mais fraco e assim o efeito de enrugar bem como da resposta da sudorese diminuem. A duração dos efeitos é de seis meses, e depois desaparece, exigindo nova aplicação. Algumas pessoas desenvolvem resistência à toxina, como que num efeito “vacina”, ou seja, cria anticorpos contra a toxina anulam seu efeito. Mas já desenvolveram, nos EUA a Toxina Tipo B - Myobloc® , para ser usada em possíveis pacientes resistentes.
Mas quando você se distrai, a toxina entra na sua vida através de um embutido qualquer, uma mortadela ou um enlatado de milho verde.  Você para de transpirar, fica sem rugas e ensaia parar de respirar, tudo isso em família, logo após o jantar.   A família vítima de botulismo em Santa Fé do Sul, a 620 km de São Paulo, deve receber alta em poucos dias conforme o médico responsável Dr. José Maria Ferreira dos Santos, da Santa Casa da cidade. O pai, Sr. Benedito José dos Santos, 38 , sua esposa Elisete Garcia, 30, e os filhos Juliana Bruna,  12, e Cristiano, 9, foram internados com vômito, diarreia, dificuldade de locomoção e visão embaçada. O soro específico contra o botulismo veio da capital através de uma operação da Polícia Militar e de outros órgãos públicos. A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo através do Centro de Vigilância Sanitária publicou determinação cautelar no Diário Oficial anunciando a interdição do lote 1E0712 da mortadela da marca Estrela e do lote 300437 do milho verde em conserva da marca Quero até que a conclusão das análises das amostras recolhidas e encaminhadas pelo Instituto Adolfo Lutz. 
Agradecemos ao colega, Dr. Justinus Kerner, médico psiquiatra, poeta e magnetizador por sua determinação germânica em não só descobrir o lado ruim do clostridium como também o lado do bem, do belo e do verdadeiro, aplicando com Amor o soro que torna a vida mais bela quando a paralisia dos músculos não mais interessa ao glamour de belas faces despreocupadas com as mortadelas da vida.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Dependência Emocional II - como saber quem tem?

O assunto parece ter despertado um interesse geral provavelmente porque todos nós temos algum grau de dependência emocional já que todos nós vivemos em grupo. Qualquer tipo de relacionamento não prescinde de uma certa dependência porém estamos falando aqui de uma inter- dependência: uma troca positiva, colaboradora, respeitosa e portanto assertiva. Pessoas independentes totalmente não existem e isso seria altamente patológico, como que eremitas ou misantropos que acabam se tornando abusadores emocionais dos demais dependentes emocionais. Uma pessoa totalmente dependente também não seria possível e se tentar assim ser provavelmente se tornará um grande facilitador acabando como vítima fácil de abusadores. Assim observamos que a dependência emocional pode oscilar durante nossas vidas entre abusador e facilitador, com rápidas e quase imperceptíveis passagens pelo equilíbrio que seria a inter- dependência salutar.
Deixo aqui um questionário por nós elaborado que pode servir como instrumento de aferição destes estados extremos.  Não é um método de diagnóstico e sim um indicativo pelo qual podemos nos avaliar e assim decidirmos ou não solicitar uma avaliação profissional.

Como saber se tenho algum grau de dependência emocional?
Se você responder afirmativamente para cinco ou mais questões abaixo, muito provavelmente está em algum grau de dependência emocional. Um profissional especializado poderá diagnosticar se o que está vivenciando é patológico e se necessita de uma intervenção terapêutica sistemática e metódica. 

1. Já tentou se afastar de pessoas, lugares ou mesmo coisas por qualquer período de tempo, porém acaba voltando por medo ou culpa? ( ) Sim ( ) Não

 2. Fica com raiva ou chateado quando pessoas ou grupo de pessoas o aconselham a ser menos inseguro ou ansioso? ( ) Sim ( ) Não

3. Já tentou se desapegar de pessoas, lugares ou coisas substituindo-as por outras pessoas, lugares ou coisas? ( ) Sim ( ) Não

4. Pela manhã precisa saber como está o comportamento das pessoas com quem convive para poder definir como será o seu? ( ) Sim ( ) Não

5. Sente uma necessidade compulsiva de controlar tudo e todos para que estejam ou sejam como você quer? ( ) Sim ( ) Não

6. Sente uma necessidade compulsiva de agradar todo mundo, ao mesmo tempo e o tempo todo?      ( ) Sim ( ) Não

7. Sente-se culpado quando diz “não” e tem medo de ser rejeitado quando diz o que realmente sente e pensa? ( ) Sim ( ) Não

8. Está ou esteve exposto a situações nas quais se sentiu submetido a algum tipo de abuso físico ou emocional? ( ) Sim ( ) Não

9. Evita assumir compromissos com pessoas ou instituições por medo de descobrirem algo de errado com você? ( ) Sim ( ) Não

10. Costuma iniciar novas frentes de trabalho ou estudo ou qualquer atividade cultural e desportiva mas nunca consegue continuá-las e completá-las?  ( ) Sim ( ) Não

11. Sofre emocionalmente por repetir comportamentos que lhe diminuem a autoestima, porém não consegue fazer diferente? ( ) Sim ( ) Não

 12. Acredita que um dia tudo será diferente apesar de continuar fazendo tudo da mesma maneira?   ( ) Sim ( ) Não

Lembre-se: esse questionário não faz diagnóstico e tem apenas caráter indicativo - se algo lhe incomoda, procure ajuda e não fique querendo resolver tudo sozinho.  Quando ficamos a sós, estamos mal acompanhados - uma pessoa em recuperação ou um profissional especializado poderá ajudá-lo.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Dependência Emocional - apego ou desprezo patológico a pessoas, coisas e lugares.

O ser humano pode estar carregando velhos hábitos que já não lhe convém mais. Muitas vezes repete ações apenas porque se acostumou a elas. Outras vezes porque simplesmente não sabe que poderia ser diferente. Várias vezes percebeu que poderia ser diferente mas não sabia como fazer diferente. Ouvimos então expressões como estas: - Quando digo não, me sinto culpado! ou -Eu sei que seria o melhor a ser feito, mas tenho medo de fazê-lo! Ainda essa - Eu convivo há tanto tempo com esse problema que já me acostumei! E ainda pior - Deixa como está para ver como é que fica! Essas são atitudes passivasdiante da dependência emocional.
As expressões tais como - Deixa que eu tomo conta de tudo mas tem que ser do meu jeito! Ou - Agora que me deixou com raiva eu vou até as últimas consequências! E ainda essa - Eu acabo fazendo tudo pois ninguém faz nada! Estas são expressões que denunciam as atitudes agressivas da dependência emocional. Uma terceira maneira de manifestar a dependência emocional é falsear com a inteligência para obter benefício próprio em detrimento do bem alheio e do bem comum. São as atitudes passivo/agressivas, próprias do que costumamos chamar de "malandragem": uma estrutura de personalidade montada em cima de um esquema de sobrevivência egóica conhecida como manipulação. Representa uma maneira inadequada de enfrentar a vida adulta quando nossos mecanismos de defesa do ego não encontraram bases fortes e reais para amadurecerem. A criança e o adolescente necessitam de referências sólidas e constantes que funcionem como referência de valores éticos e morais a serem seguidos. Naturalmente os jovens buscam o que lhes é mais atávico enquanto ser humano que é "dar-se bem". Podemos exemplificar isso com: deixar tarefas para depois ou para o outro fazer;  conseguir privilégios ou favores sem dar nada em troca;  se “safar” de responder (de ser o responsável) por palavras ditas ou atitudes inconvenientes ou erradas cometidas, utilizando expedientes ingênuos tais como desculpas "esfarrapadas" ou jogando a culpa em alguém ou alguma situação. Os adultos devem (ou pelo menos deveriam) apresentar as delimitações, demonstrando a serenidade decorrente do fato de podermos responder pelo que fazemos seja reparando um insucesso ou gozando o prazer de um sucesso.
O jovem aprende muito mais pela observação e assim os pais devem assumir essa autoridade sobre eles em determinar o que eles não sabem decidir ainda – o que é do bem, o que é belo e o que é verdadeiro.
Num mundo de expiação e provas, a maioria e talvez a totalidade dos hominais encarnados na Terra, não tiverem boas influências de pai e mãe que pela vez deles também herdaram esse processo de “aleijamento” da espontaneidade humana. Em locais onde a sobrevivência tornou-se mais importante que a filosofia, facilmente os valores éticos e morais se tornam materialistas e imediatistas. 
 No alvorecer deste século, o mundo de regeneração vem nos proporcionar instrumentos, instruções e até alguns instrutores nesse processo de revisão de valores. A dor e o sofrimento que antes serviam para abrir picadas na densa floresta dos nossos instintos e emoções, dão passagem as noções mais básicas de responsabilidade que vem pavimentar os primeiros quilômetros da estrada da regeneração.  A dependência emocional é tão e apenas somente uma espécie de efeito colateral ou residual dessa etapa e da qual podemos entrar em recuperação ativa e harmoniosa, sem medos e sem culpas. A aceitação do real tamanho de cada um de nós pela alteridade (aprendendo a viver com as diferenças e aprendendo com as diferenças) associado a uma ligação em alta fidelidade com a causa primária de todas as coisas, possibilita que nos entreguemos confiantes a essa Lei Divina – a Lei do Amor – e assim apontarmos a bússola de nossa consciência para o Norte Verdadeiro de nossas vidas.

sexta-feira, 23 de março de 2012

A dança dos zumbis


A operação “chuta pombos” parece ser o pontapé inicial para resolver o assunto mais evitado das duas últimas décadas.  A cracolândia paulistana, pois que há as paulistas, as nacionais e as internacionais, é o ponto de supuração de um abcesso psicossocial que se alastra pelos subcutâneos das aparências metropolitanas. Inicialmente era apenas uma celulite que denunciava os descuidos pessoais em função de se manter o glamour de um status psicossocial: eu sou o que eu tenho.  Como a celulite não dava mais para disfarçar, pois sempre, invariavelmente, em algum momento, havemos de ficar desnudos diante nós mesmos, acabamos aceitando qualquer ideia ou atitude que nos leve a um alívio imediato para esta angústia existencial.  Esta é a porta de entrada paras as pequenas corruptelas da vida: o medo da realidade.  Os predadores sociais de plantão fazem apenas o que a presa quer oferecendo uma saída rápida e fácil para as “dores” do real tamanho.  Aplicações “milagrosas” de substâncias “detergentes” corrompem a proteção queratínica da pele e atingem o subcutâneo causando um efeito imediato de satisfação pessoal por se recuperar a fantasia e o glamour das aparências.  Porém, como tudo continua irreal, a agulha que rompe a pele trás também bactérias que corrompem o subcutâneo iniciando um processo infeccioso sutil e insidioso que culmina em abcessos que se lastram diante da indiferença e acabam supurando em algum momento.  Novamente, por hábitos arraigados, se aceita as saídas rápidas e fáceis dos curativos de superfície, como “band aids” sócio políticos de efeito apenas higiênico. A submissão ao curativo é aparentemente feita por livre escolha e voluntária, mas é principalmente pela desinformação que a aceitamos e por que “precisamos” continuar a “faturar” a satisfação egóica. Neste cenário fantasioso é que permitimos que o abcesso se alastre numa erisipela incontinenti de subterfúgios psicossociais aplicados sem critérios, a esmo mesmo, enquanto o sol continua atravessando a peneira de nossas consciências.
A pergunta a ser feita então é – o que fazer?  De certo que não existe uma saída rápida e fácil para a epidemia de dependência química seja de álcool, de drogas e/ou de medicamentos. O que está claro é que se continuarmos fazendo as mesmas coisas não podemos esperar resultados diferentes. Voltamos à era pré-Pasteur onde não se acredita mais em bactérias e não se lava mais a mãos antes de comer – lavam-se as mãos tal qual Pilatos, mas só depois que morder uma das fatias de um “bolo” com ingredientes corruptos. Honestidade, mente aberta e boa vontade tornaram-se valores éticos e morais que incomodam “o livre pensamento” e quando se fala desses valores humanos básicos corre-se o risco de se estar saindo da curva estatística da normalidade. E lembrando que a curva normal, conhecida também como moda em estatística, contempla apenas o que mais acontece, mas não indica o que é bom nem o que é belo e muito menos o que é verdadeiro.  Cabe ao foro íntimo de cada um rever seus hábitos, seus pensamentos e seus sentimentos e não mais se deixar levar pelas ondas que a propaganda e o marketing propagam, seja boca a boca ou pelos meios de comunicação de massa. Cabe aqui outra pergunta – onde então encontrar a informação que me libertará dessas atitudes repetitivas e inconscientes?  Várias são as fontes de informações e muitas delas são até contraditórias, relembrando o método “Abelardo Barbosa” (o Chacrinha) que não veio para explicar e sim para confundir. Com certeza algumas ideias não se questionam mais apesar de já terem sido muito polêmicas, por exemplo, na época de Oswaldo Cruz quando o Estado precisou intervir obrigando a população a aceitar a vacinação tida como um desrespeito ao direito de escolha do indivíduo. 
Neste mundo contemporâneo, a ideia do livre arbítrio é utilizada para induzir comportamentos de consumo, inclusive e principalmente o de álcool e de outras drogas.  Você decide “livremente” estudar, trabalhar e juntar coisas e depois tem o direito a um “happy-hour” consumista.  Porém só é realmente livre em suas decisões aquele que está de posse e compreendendo todas as informações existentes sobre um determinado assunto. E para isso necessitamos de tempo e de disposição interna para não decidir ás pressas, tal qual ensina os manuais mais tacanhos de compra e venda. E mesmo depois de obtermos todas as informações e ainda ficarmos em dúvida? Neste caso cabe a regra de ouro dos investigadores e também dos investidores: na dúvida, não faça nada e também não diga nada.  Temos o direito de escolher livremente, inclusive de admitirmos que não se tem uma opinião formada sobre qualquer assunto . E se era para ter dito ou feito?  Haveremos apenas de arcar com as responsabilidades do atraso que é muito mais justo e honesto do que tentar retirar o que já foi dito ou desfazer o que já foi cometido. 
Em suma – a aceitação do nosso real tamanho, buscando as informações que nos auxiliem a estudar nossas dificuldades sem medo e sem culpa, permitirá desenvolvermos o senso de responsabilidade pessoal e social. Assim poderemos livremente não mais aceitar esse modelo de sofrimento como desculpa para os alívios imediatos: será possível ter um “happy-day” no final do qual nos sentiremos real(izados) e dispensaremos as fantasias e o glamour de qualquer tipo de “droga”.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Os quatro instrumentos da alma - aRaiva
















Dando seguimento ao estudo das emoções humanas.

Em uma série de programas da Radio Boa Nova versando sobre a Raiva, o programa NovaMente, (2.a feira às 11:00h, ao vivo), falava sobre essa emoção comum aos homens e aos animais. Foi uma leitura comentada do Livro Vermelho dos Neuróticos Anônimos, exatamente nos programas de 11/02/2008 à 15/12/2008, todos compilados num CD em formato MP3 que a RBN disponibiliza em seu site.(1)
Eu sempre busco levar essa informação consoladora: emoção não é sentimento!! Os instintos e as sensações (centros de força genésico e esplênico respectivamente) sob efeito das influências do raciocínio concreto e abstrato (centros de força laríngeo e frontal) sofrem processo lento e gradual de transformação para emoções (centro gástrico). Quando estas emoções são compreendidas (e não só racionalizadas) tornam-se sentimentos, o grande momento de virada na existência da criatura de Deus. Não mais viver apenas para responder à tirania das necessidades orgânicas como pulsão sexual, fome, frio, dor, etc. A razão, tão necessária para o entendimento do mundo, das coisas e das pessoas, deixa de servir ao atavismo através de explicações e busca o admirável nível de consciência do que é justo e bom. Antes só comíamos quando sentíamos fome, depois prevendo a fome passamos a guardar o alimento. No reino dos sentimentos, a alimentação é reconhecida como necessidade para viver mas não como o mais importante para a Vida. Desenvolvemos atitudes agora voltadas para o alto, e a filosofia nos faz buscar o "para que" da vida e não mais e apenas os "porquês" da biologia e da psicologia acadêmicas.
Assim que a raiva permanece residual e essencial em nossas entranhas, por isso dizemos estar “enfezados”, cheios de raiva, uma raiva intestinal... mas essa raiva não alcança nem anula qualquer sentimento. A catarse que tanto se fala nas linhas de psicoterapia nada mais é que sinônimo de eliminação, evacuação dessas emoções. Ela nos avisa de que estamos sob ameaça, acelera nosso coração, contrai nossas artérias, aumenta o açúcar no sangue, tudo para nos preparar para a luta ou para a fuga. Nosso lado animal nos protege porém já pensando e percebendo como hominais, podemos sentir raiva por ameaças que estejam somente em nossa imaginação. Tal qual aquele homem que logo pela manhã planejou pedir o martelo emprestado ao vizinho mas ficou a imaginar que o mesmo iria recusar-se. Assim matutou a ponto que no final da tarde, enfezado com seus próprios pensamentos, bateu à porta do dono do martelo e logo de supetão mandou-o introduzí-lo no dito cujo, lugar conhecido porém de baixo calão.

Assim acontece conosco, ou melhor comigo e também com todos: reação meramente orgânica com correlato psicológico apenas para fins de autoproteção. Certa feita recebi um paciente cujo comportamento revelava profundo egoísmo, tal qual podemos ler no Livro Vermelho. Inconformado com o que ele chamava de “azares e reveses” da vida, praguejava constantemente e proferia impropérios, por vezes em voz tão alta, que só não me constrangia mais pois eu já o atendia após as vinte horas, quando não havia ninguém mais no consultório. Passaram-se alguns meses e aquela situação se repetia semanalmente até que perdi a paciência e num tom um tanto quanto enérgico e receoso de receber revides de agressão física, solicitei que se controlasse ou então reencaminharia ele de volta a quem tivesse ele me encaminhado. Admirado, olhou-me extasiado nos olhos agora a lacrimejar e me perguntou se eu sabia quem tinha mandado ele me procurar. Realmente eu não sabia e ele então me surpreendeu: disse-me que passou vários meses frequentando as reuniões no Centro Espírita Luiz Gonzaga e tanto solicitou de Chico Chavier que o mesmo teve uma explosão de raiva, expulsando-o da reunião. E que antes de sair do Centro, Chico disse que só uma pessoa poderia dar jeito nele e deu o telefone de um tal Dr. João. Daquele dia em diante aprendi a lidar com a raiva: não mais a engolia e nem a cuspia apenas falava com aquele paciente o momento em que ele estava sendo inconveniente e isso o fez alcançar considerável melhora de comportamento a ponto que realizou seu sonho antigo: adotar um filho.

Uma boa raiva a todos, e podem ficar à Vontade.




(1) http://www.mundomaior.com.br/525128/CD---Raiva-(a)

domingo, 20 de março de 2011

Os quatro instrumentos da Alma


Ola, Amigos da Rádio Boa Nova.

O programa Nova Mente originariamente aborda temas da Psiquiatria e as doenças mentais sob a ótica do Espiritismo bem como os tratamentos que se praticam através dos tempos. O programa, que se realiza ao vivo semanalmente, vem trazendo, na maioria de seus episódios, a leitura de obras literárias com comentários à Luz da Doutrina Espírita. A maioria dessas obras não são de origem espírita e foram escolhidas na intenção de demonstrar que a espiritualidade está inserida em tudo e em todos. A contribuição do Espiritismo está em remover definitivamente o véu dos mistérios entre a vida física e a vida espiritual. Além disso, o programa visa o esclarecimento não só sobre as doenças, mas como previní-las e quiçá evitá-las através da promoção da saúde mental.
Nesta postagem, apresento os livros utilizados pelo programa até hoje, citando o principal assunto abordado, dentro desse grande tema: os quatro instrumentos da alma.
Esse título foi inspirado no livro de Myra e Lopes, Os quatro Gigantes da Alma, onde o autor explora quatro emoções básicas do ser humano: o Medo, a Ira, o Dever e o Amor. Minha intenção não era parodiar e sim incrementar essa visão com os conhecimentos da realidade reencarnatória e principalmente para melhor aproveitarmos nossa experiência na vida física atual. Desfazendo a idéia de se pagar um passado pecaminoso, busquei encorajar os ouvintes a uma atitude otimista de auto descobrimento seguido de auto compreensão. Buscando divulgar a existência de instrumentos para este intento trouxe as leituras comentadas como instruções para esse processo de crescimento. Provavelmente a veemência com que alguns ouvintes e conhecidos me apontam as colocações, surgiu através de minha própria experiência, que para ser "bonzinho" acabava reprimindo sentimentos e junto com eles talentos e potencialidades que me ajudariam na própria vida pessoal. Assim nasceu a idéia do título, Os quatro instrumentos da Alma, aludindo para a realidade de nossos sentimentos, pensamentos e atitudes serem assumidos como instrumentos e não como subprodutos de seres inferiores e assim deixados de lado. Nasceu esta proposta de uma colocação dos alcoólicos anônimos que a resume de maneira psicopedagógica: estudemos a nossa dor para que ela não se nos torne uma revolta.
Segue assim, nesta postagem e nas próximas, os livros já lidos e comentados durante os programas. Cito também o período em que estes programas foram ao ar, lembrando que há um projeto de torná-los uma coleção de cinco CDs em MP3, cada qual com todos os programas gravados. No momento temos apenas um tema, um dos instrumentos da Alma já compilado em CD cujo título é "aRAIVA", já disponível no site da RBN.
Abaixo deixo registrado os temas bem como o livro a que ele se refere bem como as emoções e sentimentos que podem nos servir como instrumentos de estudo e transformação. Os demais títulos estarei postando na sequência, e como os CDs ainda não estão prontos talvez seja possível ter acesso ao conteúdo destes por meio de "downloads" dos programas realizados nos períodos citados.

aRAIVA - oEgoísmo - Livro Vermelho de N/A.

aCULPA - oOrgulho - Reforma ìntima sem martírio.

oMEDO - oDesespero – Como evitar preocupações e começar a viver.

oCONTROLE – aFrustração – Peça e será atendido

aRESPOSTA - aResponsabilidade - Jesus, o maior psicólogo que já existiu.

Há ainda uma pergunta a responder: não são quatro os instrumentos da alma? Então de onde vem este quinto tema?
O quinto tema, tal como o quinto elemento, foi um dos primeiros livros que comentei no programa, resgatando a filosofia Cristã, cuja essência é o Amor. Por que submeter-nos-ia a essa a rica vivência das emoções através das encarnações sucessivas, sem a fé numa causa maior que nos alimenta a esperança de alcançarmos melhores sentimentos?
"Os ensinamentos do Cristo podem nos ajudar a resolver nossos problemas do cotidiano e aumentar nossa saúde mental" Mark W. Baker (autor do livro) responde a questão.

Um abraço fraterno a todos e

podem ficar a vontade.